terça-feira, 15 de maio de 2012

Perder-se


A Menina Triste - Alfredo Volpi



Há medos que invadem a alma.
Medos sem forma. com rostos misturados.
Estes espreitam os muros do castelo.
Aproveitam-se do descuido da guarda
E assim, tomada de assalto,
A alma se encolhe.
Cada vez mais, menor,
De tão pequeno, se  vê do tamanho de antes.
O mesmo tamanho do infante,
Que precisa voltar a crescer depressa.
Alimenta-se de si
Fazer-se grande num instante,
Ou o medo vence,
E a alma perde
Perde-se em si
Perde-se de vez
Perde a vontade de ser.
E é de vontade que a alma cresce.
Parece comer seus pedaços.
Um dedo, um sonho,
Uma coisa qualquer que fazia crer.
Já é outra vez gigante,
Ainda que pequeno por dentro.
Prender o medo no fundo mais fundo da gente.
Trancar, selar, esquecer.
Até que a guarda volte a dormir,
E a alma se deixe encolher.
E o medo volte a invadir
E a gente queira morrer.

Um comentário:

  1. Perder-se é achar-se.
    O medo é próprio do ser humano, mas sempre há espaço para a esperança, não é mesmo?
    Tá lindo o texto.
    Tocante, real, poético.

    Um beijo Grande!
    Milla Borges

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