segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O Que Me faz Bem

Noite Estrelada Sobre o Ródano - Van Gogh

Quero estar perto do que me faz bem
Me cercar do que me é caro
Não que isso seja fácil
É o que faz sentido para mim.
O que me faz bem também me questiona
Me intriga, me conforta
Me faz rever velhos hábitos
Limpa meus olhos viciados.
E é doce o embate
não fere, mesmo quando irrita
Parece bobo o jogo
de fingir medir forças
quando apenas se mostra
o melhor jeito de ficar junto.

sábado, 11 de agosto de 2012

Tudo o Que Há Para Ser

Anjo - Van Gogh

Até mesmo transbordar-me,
por medo e coragem.
Posso andar só,
Saber-me só.
Posso achar um caminho novo,
de sol e céu azul.
Posso andar sem pressa na noite mais escura,
um outro caminho, este feito de chuva.
Posso mesmo não ir.
Não ir a lugar algum.
Fincar os pés à terra e ficar
Não esperando, não desejando,
apenas sentindo o que sou.
Soar melodias integrariam os tempos,
dançariam aos ventos
e transformariam toda a forma já gasta em coisa nova.
Não ir e não ficar.
Ser.
E se eu fosse do tamanho exato de tudo que há para ser,
o que seria você?

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Um Outro Tempo

Paisagem de Outono - Van Gogh

Houve um tempo, em que havia uma voz
que percorreu os confins da minha alma
e falou à cada parte daquilo que era eu
Houve um tempo, em que tudo aquilo que era eu
quis aquilo que era ela.

Esse tempo se foi, e em seu lugar
surgiu o tempo da Babel de duas
onde palavra alguma encontrou compreensão.
E assim, vazia de sentido, a palavra fez silencio,
foi ao longe, distante dos olhos e ouvidos.
Por vezes sussurrou, um uivo franzino do que foi dito,
trazido pelo vento ou pelo habito
que o corpo tinha de responder à palavra já sem voz.

E fantasmas não assombram onde não há ruinas.