quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Dar-se Conta


Ipanema - Foto Adriana Schimit Lindner

Dar-se conta é algo que sempre encantou-a. Exceto quando dava-se conta de algo maior que ela mesma. Nas tardes de sol saía à rua e misturava-se as pessoas do mundo. Cores e sons que povoavam sua mente mas não eram capazes de silenciar sua alma. E a alma falava de tanto querer que era difícil ver o que o mundo lhe mostrava.
Os caminhos sempre a levavam à beira. Ela parava na borda do mundo e reconfortava-se com a amplitude do mar a sua frente. De todos os lugares visitados, aqueles em que demorou-se mais um bocado, e nos quais pensou em ficar, sempre pensava na borda do mundo. Ela entendia melhor o mundo à beira do mar.
Um dia como outro qualquer, o sol na cidade mais bonita. Andando pela rua sentia-se perdia em si, mas ainda assim em casa. Sentindo-se povoada por feixes de contradições. Chegou até a praia e teve vontades múltiplas. Quis ficar, deixar o dia acabar ali. Quis correr, cansar o corpo, suar seus dilemas. Quis voltar à casa e encontrar abraços.
Pisou a areia ainda quente, e foi até a beira da água. Deixou molhar os pés e ouviu o barulho das ondas. Entendeu que amor é como mar, e querer é feito maré. Sem explicar e deixou-se inundar pelo gostar que invadia-lhe a alma. Deu-se conta e pode dormir, ouvindo o mar quebrar no seu travesseiro, na respiração compassada, da razão de suas inqueitudes.


Sentindo Coralina:
"Coração é terra que ninguém vê- diz o ditado"'

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