sábado, 12 de novembro de 2011

A Menina

Uma Menina Escrevendo - Henriette Browne


A menina criava historias, brincava com as palavras. Olhava o mundo com encantamento, tanto o mundo de fora quanto o de dentro. Por cercar-se do lúdico, via cores outras no cinza do real. Uma alma inquieta, buscando o que há de bom, belo e amado nos mais simples acontecimentos.
Muitas vezes a julgaram tola. Dotada de grande impulsividade, jogava-se na vida como quem salta precipícios diariamente. Os medos que tinha eram poucos, e não os temia de fato, eles a lembravam de sua humanidade. Mostrava-se forte, tanto que muitos a chamavam fortaleza, mas tinha fraquezas sim, apenas nunca se rendia à elas.
Optara pela vida muito antes de pisar esse chão.
Em dias de chuva, andava devagar, gostava de sentir os cheiros das coisas mudando. Por vezes deixava-se molhar. Conhecia a maldade do homem, e insistia no velho hábito de crer. Crendo sentia-se viva.
Muito do mundo ela intuía, alimentando-se daquilo que amedrontava o rebanho. Encenava sonhos, e a noite visitava mundos outros. Tinha os olhos de menina e a palavra de anciã. Sendo sua própria tribo, travou guerra e dançou em volta do fogo.

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