Vista de Santa Teresa, Rio de Janeiro - Arquivo Pessoal
Ele parou e olhá-a nos olhos. Deixou as mãos correrem pelos cabelos castanhos dela, sua pele muito branca, olhos pequenos e quase negros. A boca vermelha, agora ainda mais vermelha. Tudo ainda mais bonito do que ele era capaz de lembrar. Era real, quente e urgente diante dele. Ela surpreendeu-se com ele ali tão perto. Sentiu o cheiro dele muito mais forte do que havia sentido pela casa, e mesmo na cama na qual mal dormira na noite anterior. Quando ele tocou-a, ela sentiu frio na espinha. Levantou e beijou-o como havia feito em pensamento muitas vezes durante a separação.
Entre lábios, e línguas, e mãos, despiram-se e reconheceram-se nos corpos preparado para o encontro, disfarçado de almoço amigável entre pessoas que amaram-se. Entregaram-se com tamanha emoção, que escondiam um do outro, olhos mareados. Lágrimas que caiam discretas, sorrisos espantados e pensamento que insistiam em violar o silencio da cama. Calaram como que por acordo prévio. Se há o sem tempo, que agora este seja sem palavras.
Logo o amor pediu expressão, cederam falando das coisas de dois. Falaram de um sábado de Abril, uma quinta-feira de Janeiro, falaram do tempo feito de encontros e não de dias, em vontades e não horas. Contaram coisas do tempo que ficaram longe. Saudades, acidentes, desejos, e medos. Riram de suas histórias, engoliram o choro de suas dores. E amaram-se mais. Admitindo a certeza de que naquele encontro seriam novamente os amantes de antes, acharam graça das suas duvidas e chegou à noite e ele não partiu.
Seguiam dançando, falando, beijando, e falando, e dançando. Madruga na varanda viam as luzes de duas cidades e uma baia.
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