sábado, 8 de maio de 2010
Elas
A menina cresceu pensando ser ela quem cuidava da mãe e não o contrário. Isso não era verdade. Ela não cuidou mais do que fora cuidada e tão pouco amou mais do fora amada. Pensava assim por uma distorção qualquer típica dos que cresceram rápido demais. Mas na ocasião em que a vida vestiu a ela como adulta e a mãe como coisa a ser cuidada, entendeu que quem ensinou aprendeu na mesma medida e quem cuidou foi cuidado e quem amou foi amado na mesma proporção.
Hoje ela lembra da mãe com compaixão, se vendo refletida nos olhos daquela que esteve a seu lado antes mesmo de saber ao certo o que era ela. Por vezes sente-se abraçada pela mãe. Pode mesmo sentir o cheiro da pele aveludada da mãe e ver o vermelho pintando as unhas que parecem as suas próprias unhas, quando pintadas de vermelho.
A menina não se sente tão grande agora que é adulta e não tem a mãe por perto. Mas ainda acha graça das coisas da vida e de como hoje seria bom ir visitar a mãe. Conversar sobre nada além de suas controversas opiniões. Seria muito bom divergir sobre qualquer coisa, numa tarde qualquer.
"Vou segurar tua mão e teu suspiro. Vou quardá-lo no peito e te levar comigo." U.G.H.
terça-feira, 27 de abril de 2010
Do Que Eu Gosto
Cascatinha da Tijuca - Nicholas-Antoine Taunay
Não gosto quando saio à tarde,e é sábado de sol,
e sei que é sábado de sol na sua casa,
que é logo ali,
mas como todo o resto das coisas que são suas,
é tão distante de mim quanto você é distante de mim nesse sábado de sol,
e nos outros dias da semana,
mesmo os que não têm sol.
Eu gosto dos dias de chuva,
eu caminho sem pressa nos dias de chuva,
e nas noites de chuva também.
Eu recebo toda água que cai do céu,
me banho de toda água que cai do céu.
Chuva é coisa muito minha
e não penso se chove na sua casa também,
sei que não há por lá quem dance na chuva.
Eu danço na chuva.
Eu gosto do cheiro do mato em dias claros,
do cheiro que levanta da terra
que piso quando ando no mato em dias claros.
Gosto do mato tocando a minha pele enquanto ando por caminhos estreitos
e olho para cima e vejo as copas densas das altas arvores
e os pedaços de céu entre as folhas.
Eu gosto do som da noite chegando,
o ar mais fresco e o escuro chegando à floresta.
Por vezes espero o ultimo risco de luz ir antes de sair da floresta.
Eu não tenho medo das coisas da floresta ou de fora dela.
Eu gosto da água do rio,
da água gelada do rio que vem do alto da montanha
e já foi fonte e cachoeira e agora é rio.
Gosto das pedras do rio,
pedras nas quais me sento e me deixo molhar pela água que,
quando deixar de ser rio vai ser chuva outra vez
e depois de cair feito tempestade enfeitada de relâmpagos
- para você ver da janela da sua casa que é logo ali,
vai dar lugar a mais um dia de sol.
domingo, 25 de abril de 2010
Olho de Gato
Penélope - Arquivo Pessoal Ursula Gomes
Metafísica quântica num bichano.
Fico eu, hipnotizada, presa no olhar da minha gata.
Ela fala coisas do mundo, e de um tanto de mundos outros.
Fala de mim.
Me mostra segredos que não conto.
Só para quem tem quatro patas, ou me olha a alma.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Things
Caledoscópio - Agnaldo Silva
There are a lot of things
That I can't understand
Things about love and people and us
When I saw you, I decide
Don't be afraid.
I put me in risk.
But I really don't care
Because I feel so great senses
That I can't be different
Just me,
Nude, clear, pure, cheerful
In these days I've been working a lot
I've been think a lot
I've been felling a lot
I guess it's just a phase
I guess I'll be good
'cause it's just a phase.
I still sigh for you.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Dos Tropeços
Autor Desconhecido
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